sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Novo Ciclo


            "Você não sabe o quanto eu caminhei, até aqui..." 
Na casa dos setenta.

Casa nova, ciclo novo, bons planos e muitas histórias.


Peço à poesia de Quintana para ilustrar a data:


Peço à poesia de Natália para sublinhar o dia:


Dão-nos um lírio e um canivete

e uma alma para ir à escola,

mais um letreiro que promete

raízes, hastes e corola.


Dão-nos um mapa imaginário

que tem a forma de uma cidade,

mais um relógio e um calendário

onde não vem a nossa idade.


Dão-nos a honra de manequim

 para dar corda à nossa ausência.

Dão-nos um prêmio de ser assim

sem pecado e sem inocência.


Dão-nos um barco e um chapéu

para tirarmos retrato.

Dão-nos  bilhetes para o céu

levado à cena  num teatro.


Presenteiam-nos o crânios ermos

com as cabeleiras das avós

para jamais nos parecermos

conosco, quando estamos sós[...]


Natália Correia, in: Dimensão Encontrada, Lisboa (1957)



quarta-feira, 13 de agosto de 2025

De volta ao lar



 Parece que a marola extensa

avançou além do combinado;

viu-se sozinha, afastada no

 recuo, apartada do bailado. 


O sol ia em seu zênite,

o mar rendava seu passo,

por sobre a areia úmida,

lá estava ela em regaço.


Procurou por companhia

mas, nada ali havia,

era só ela, o mar e a areia,

compondo a cena inteira. 


Quando ia soluçar sentida,

o fim próximo, temendo,

eis que lufadas se fazem

agitando os elementos.


Viu-se , agora, alcançada

na súbita maré escorrida

 trazendo-a na espuma,

levou-a de volta à vida.



sábado, 9 de agosto de 2025

BC comemorativa- A alegria que nos habita


 Toda data natalícia é motivo de comemoração. Celebrar a vida e tudo o que nela se insere como realização alcançada, como vivência adquirida e situada nas melhores lembranças aliançadas nas multiplicidades que nos constituem. 
Nesta esteira de alegres comemorações, acontece o aniversário do blog da Norma e com ele o convite para interagirmos na festividade.
Liberar a energia que nos move e com ela aproveitar a festa.

"O que lhe dá alegria?" 



 
Alegria é o substantivo abstrato mais concreto que conheço. É componente nato. Está no DNA.É tão espontânea quanto motivada. É simples, é múltipla, é clara, é solar...
Como caleidoscópio faz-se e refaz-se a cada instante que os olhos brilham, que a boca sorri, que a alma canta e quando esse conjunto se afina entoa a melodia que mora na alegria. 
Difícil é escolher apenas uma causa para alegria, pois como a vida, ela acontece nas pequenas grandes coisas.
Alegria de um dia de outono, de um céu límpido de azul profundo. Alegria de hoje, de ontem, de sempre. Alegria dos afetos, dos abraços intensos, de estar em família, de festejar em família, mas não só, de festejar todas as boas oportunidades que acontecerem tendo amigas em companhia.
Me dá alegria saborear preferências, estar junto á natureza, ouvir boas histórias, dar boas risadas,dividir a vida com todos que amo.
Quero a alegria como par constante na dança da vida.



Parabéns , Norma, por todos os anos de interações  e reflexões abrangentes de significados importantes no pensandoemfamilia.com  


******************     

Feliz Dia dos Pais!
Desejo um domingo especialíssimo para os papais!
Que todos os afetos lhes sejam presenteados!


terça-feira, 5 de agosto de 2025

BC- Tertúlia de Amor- Semelhanças


Eis que temos novo projeto.

Vem somar mais belezas,

vem convidar as palavras

vindas em versos...sutilezas.



A cada dia 1’ de cada mês restante, teremos a imagem-tema proposta pela Rosélia, em seu: amorazul01.blogspot, para ingressarmos nas tertúlias motivadoras. 


Semelhanças

Como o sol acorda a Terra,

como o mar beija a areia,

a semente brota na chuva,

o idílio, o amor clareia.


Como relâmpago em faísca,

corta os ares e o chão,

olhares se cruzam intensos,

se atraem com paixão.


Como força misteriosa,

como ímã poderoso,

o amor traça seus rumos,

faz momento generoso.


Os volteios do bailado,

com ritmo, com  magia,

envolve os apaixonados,

em sua única melodia. 


quarta-feira, 30 de julho de 2025

Aquela ruazinha



Uma palavra/um conto, projeto proposto pela Norma, em seu: pensandoemfamilia.com

Aparência




 Estava bem difícil para Nini, puxar a pequena mala pelos paralelepípedos da ruazinha estreita. Olhando para a numeração nas portas, procurava o número 70. Havia reservado a casa pela internet por três meses, período de duração do curso que se inscrevera.
Enquanto seguia pelo calçamento ia observando as moradias. Quase todas lhe pareciam mal conservadas.Umas duas estavam descascadas e com tijolos á mostra em algumas áreas da fachada.
Chegou defronte á sua nova moradia.Com visível desgaste na pintura e dobradiças rangentes na porta da entrada, conservava um interior asseado e amplo. Ainda bem, pensou! 
Transcorreram os dias na rotina da sua agenda, só finalizando quando a noite já ia a bons passos. O primeiro final de semana foi dedicado a conhecer os arredores. Viu outras ruazinhas parecidas, com casinhas semelhantes e mais bem cuidadas, tendo floreiras nas janelas, pintura recente, calçamento alinhado e onde, havia moradores mais simpáticos e sorridentes.
Ao final de um mês, decidiu-se  que começaria uma campanha para melhorar a aparência daquela ruazinha. Não se importava com o engajamento, faria acontecer e pronto.
Comprou latas de tinta amarelo-canário,uns cinco vasinhos de icsórias coloridas, um sino de vento feito em macramê e deu início á maquiagem de embelezamento. 
A princípio, só ela passava os finais de semana na faina da reforma, raspando a tinta velha, arrumando o reboco, trocando as dobradiças, envernizando a velha porta e a janela... Sem se preocupar com o ritmo que empreendia, ia vendo a cada semana seus avanços realizados. Quando finalmente fixou a floreira com os vasinhos na janela frontal, deu dois passos para trás para apreciar seus feitos e quase pisou no pé do vizinho que estava chegando ali. Ele sorriu para ela e a parabenizou.Disse que ele e mais quatro já iniciariam também a reforma das fachadas de suas casas.
Nini, lamentou quando o período da sua estada chegou ao fim, mas trazia nos olhos o orgulho de ter motivado o embelezamento daquela, agora linda, ruazinha.